7 de fevereiro de 2009

Onde vai caber tanto lixo?

O Brasil está na rota do tráfico de drogas ilícitas, animais silvestres, mulheres, crianças e algumas outras. São situações ilegais e imorais que passam impunes quando não perseguidas, descobertas ou mesmo investigadas.

Não estamos imunes a essas transações sendo "meio" ou "ponta" do processo transgressor; pelas nossas proporcões continentais, por possuirmos um efetivo policial fronteiriço aquém do necessário nas extensões limítrofes de qualquer estado brasileiro com os países da América do Sul e por não termos soberania consolidada.

Explico a questão da soberania.

A Convenção da Basileia, um tratado internacional do qual o Brasil faz parte e que tenta combater o trânsito internacional de resíduos perigosos dos países desenvolvidos para nações em desenvolvimento, apregoa com objetivos diretos a não exportação do lixo eletrônico. E mais, o não cumprimento da convenção gera penalidades.

Com dados obtidos do DTSC (sigla em inglês para Departamento de Controle de Substâncias Tóxicas da Califórnia) pela Folha de São Paulo, o Brasil fez a ponta do lixão hich tech californiano recebeu, em 2006, do total de 9000 toneladas, a bagatela de 1190 toneladas de eletrônicos (TVs, celulares, mp3 e outros), pasmem, danificados. O restante certamente teve como destino países da África e Ásia (China e Índia).

As leis californianas proíbem o descarte de eletrônicos em seus lixões. Não existem condições físicas nem industriais para se RECICLAR essa parafernália eletrônica que aqueles terráqueos ao norte do Equador descartam. Onde jogar esse lixo?

Sobram sempre para os que moram ao sul dessa linha simbólica e que me parece cabalística.

Apesar da natureza ser benevolente e compreensiva a ação equivocada e materialista dos humanos leva ao desiquilíbrio e, certamente a mudanças abruptas e indesejáveis das condições climáticas conhecidas.

É importante ressaltar que aparelhos eletrônicos contém chumbo, mercúrio, silício etc, que mesmo em concentrações pequenas, são nocivas à vida. Os monitores de PC podem conter até 25% em sua estrutura de chumbo.

Apesar de ilegal as regras da Convenção da Basileia podem ser dribladas por meio de tratados paralelos, de acordos internacionais ou pela não-ratificação de partes ou emendas ao texto. É sabido que Paquistão, Estados Unidos e Haiti não ratificaram a convenção. Como punir?

Gosto de questionamentos que nos fazem refletir. O erro é humano, permanecer no erro é subserviência ou burrice. Eis minha explicação a tão notória soberania.

O caminho passa pelos R's.
  • Reduzir o consumo - Tenho certeza que você troca seus eletrônicos mesmo antes de conhecer ou utilizar toda a sua potencialidade ou destreza.

  • Reutilizar os utensílios eletrônicos - seu mp3 está pequeno para suas pretensões? utilize-o como armazenador de arquivos ou como uma pen drive.

  • Reciclar o possível - nossas indústrias ainda não estão saturadas e nosso ciclo ainda é favorável a reciclagem.
Não descarte seu aparelho eletrônico em lixos convencionais. Procure os PEV's (Postos de Entregas Voluntárias) ou similares.
NOTA DO AUTOR: e-lixo pode ser entendido também como SPAM, não é esse o caso de nossa citação.

2 comentários:

  1. A responsabilidade pelo descarte e pela impossiblidade de reciclagem de lixo eletrônico é, mais diretamente que dos governos, das empresas que fabricam esses produtos. Há uma certa tendência de direcionar a culpa apenas ao poder público, como se as corporações fossem livres das consequências pelos problemas que causam. O governo deve sim legislar em prol da soberania e da saúde nacional, mas colocando sobre as corporações a maior parcela da responsabilidade ambiental, instigando-as a desenvolver produtos eletrônicos com peças recicláveis, por exemplo.

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  2. Concordo com o Wemerson fraga, pois na hora em que essas empresas seduzem as pessoas através de propagandas maravilhosas que nos convidam a "um mundo futurista" pontuado de tecnologia, efeitos especiais e mulheres bonitas, nada dizem a respeito dos males que esse lixo pode nos causar, então acho que a principal responsabilidade cabe sim a que as produz, e depois aos governos, sempre tão coniventes...

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