16 de maio de 2008

Devo secar as mãos com papel toalha ou jato quente de ar?

Estou maravilhado com as possibilidades, que nos são apresentadas, quando pensamos em diminuir o impacto ambiental no nosso dia-a-dia. Desde a substituição das lâmpadas incandescentes até o timer do ar condicionado do escritório de trabalho.
Confesso, dia desses, fui longe demais. Estava lavando as mãos, após um delicioso pingado (leite com café) e um pãozinho francês, quando me deparei com a dúvida. O que é menos impactante? Secar as mãos com um papel toalha ou com jato de ar quente? Não tive dúvidas, fui pesquisar. Intessante, todos os profissionais tentam ajudar e o leque de possibilidades faz com que a resposta fiique longe da facilidade que parece o fato. Não desisti. Escrevi, inclusive para a coluna DÚVIDAS ÉTICAS da Folha de São Paulo. Prontamente fui atendido com a resposta de Danae Stephan, no dia 26 de abril de 2008, que transcrevo na íntegra aqui.
Tanto as toalhas de papel quanto os jatos de ar têm um custo ambiental alto. O papel usado pelos fabricantes é virgem, e os resíduos não são recicláveis. A indústria consome muita água no plantio das árvores e na fabricação da celulose: para produzir um quilo de papel são gastos 540 litros. As empresas alegam que só aproveitam árvores de reflorestamento, e que a fibra virgem é mais higiênica. A professora-titular de economia do meio-ambiente da UFRJ, Dalia Maimon, considera os secadores melhores: "Precisamos dar à terra um uso mais nobre, e não trocar plantações de alimentos por florestas de eucalipto", diz. O coordenador do grupo de estudos do setor elétrico da UFRJ, Nivaldi de Castro, discorda: "Papel é fonte de energia renovável. E o plantio de árvores traz outra vantagem: durante seu ciclo de vida, elas combatem a emissão de CO2", diz. Para ele, ao contrário do que dizem os fabricantes, o secador gasta alta quantidade de eletricidade, de 1.700 a 2.000 watts. Segundo pesquisa da Universidade de Westminster, as pessoas gastam 43 segundos para secar 95% das mãos nos aparelhos, contra 10 segundos no papel. O estudo revelou que o uso de jatos de ar aumenta a quantidade de bactérias nas mãos em 255%. Só que a pesquisa foi encomenda da associação inglesa de produtores de lenços de papel. Em defesa dos aparelhos, o representante da Pharus, Roberto Rodrigues, respondeu: "Até a Mitsubishi e a Siemens fabricam secadores de mãos no Japão e na Europa. Se esse aparelho fosse nocivo à saúde, você acha que fabricariam?". "Para chegar a uma conclusão precisa, seria necessário calcular todo o processo de manufatura de toalhas e secadores", diz Dalia. "Mas o impacto da energia elétrica no Brasil é menor que o da produção de papel", acredita.

4 comentários:

  1. Obrigado pela visita ao Recanto das Letras (http://recantodasletras.uol.com.br/autor_textos.php?id=16329)e pelo comentário no meu texto secador de mãos.
    Vivo me questionando essas coisas. Minha dúvida atual é: O que é mais agressivo ao meio reciclar papel ou usar papel virgem de árvores cultivadas para este fim?

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  2. Concordo com a Profa. Dalia da UFRJ, que, para chegar a uma resposta mais precisa, seria necessário calcular o "impacto" de todo o processo produtivo tanto das toalhas de papel, como dos secadores elétricos e compará-los. Mas, não tenho certeza se no Brasil, o impacto da energia elétrica é menor do que a da produção de papel. Hidrelétricas são menos impactantes?? Não produzem, diretamente, CO2, isso é sabido! Mas, e o CO2 indiretamente produzido na construção e manutenção de nossas mega-hidrelétricas? E o impacto de se represar grandes rios, inundar grandes áreas, mudar o micro-clima local, extinguir ou deslocar vários animais de seus habitats? Hoje já sabemos da interdependência de tudo no planeta para a manutenção da vida. Bom exemplo disso, são as abelhas que em atual declínio de suas populações, colocarão em breve, se não fizermos algo a respeito, os seres humanos na lista de animais em extinção, por serem esses pequenos insetos, grandes responsáveis pelos processos de produção de nossos alimentos. Pensando assim, pergunto, quão impactante não estão sendo nossas hidrelétricas?
    Por outro lado, a produção de papel sequestra carbono da atmosfera, mas sua produção é feita por grandes monoculturas de árvores exóticas (eucalipto, oriundo da Oceania e pinus, hemisfério norte, principalmente)que esgotam o solo, propiciam o aparecimento de pragas e uso de defensivos químicos e, diminuem a biodiversidade, além de ser a produção de papel, comparativamente a outros processos industriais, a que mais consome água e a quinta no consumo de energia, sem falarmos no uso de insumos químicos no clareamento de papel. Nem estamos colocando na baila aqui, as conseqüências socias dos dois processos de produção, o que engrossaria o caldo de complexidades e interrelações.
    Em voga está a produção de CO2 para o cálculo do impacto antropogênico, justificado pelo efeito estufa, mais do que pertinente. Mas, esse cálculo, a meu ver, é muito parcial, as variáveis são muitas e as conseqüências muitas mais amplas. Eu concordaria com a Professora, em dizer que a energia elétrica no Brasil é menos impactante, se nossa energia fosse menos impactante ainda. Se usássemos nossas áreas para preservação de nossos biomas, riquíssimos em suas biodiversidades, diga-se de passagem, em vez de plantarmos um único tipo de árvore em grandes extensões de área e, se produzíssimos energias mais limpas do que as de grandes hidréletricas como a eólica, solar, geotérmica e outras, acho sim, que o impacto dos secadores de mão seria menor. Mas, antes de julgarmos o impacto de nossos costumes, ou seja, a conseqüência de nossos atos sobre o planeta, deveríamos, mais do que nunca, aprofundarmos na questão e irmos até as causas e perguntarmos se precisamos usar tanto papel, que é produzido de maneira insustentável para o enriquecimento de poucos ou gastarmos tanta energia que justifique medidas políticas para grandes hidrelétricas, se no final das contas estaremos caminhando contra o nosso processo evolutivo. Afinal, queremos co-evoluir com o planeta e não nos auto-extinguir, imagino eu.

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  3. Cara, eu descartaria a opção pelo uso de energia elétrica, mas ao mesmo tempo, te traria outra alternativa:

    E as toalhas de pano? Uma única pessoa, utilizando uma toalha de pano, não poderia secar suas mãos e rosto nela durante semanas (eu uso toalhas seguido sem lavar por até 2 ou 3 meses) ao invés de usar o papel-toalha?

    Qual seria a diferença em termos de custo ambiental?

    Aguardo suas considerações e informações que tiver, ansiosamente. E parabéns pelo questionamento.

    rafahellbound@hotmail.com

    Luis Rafael Ribeiro

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  4. boa tarde!

    Chamo-me Ema e sou portuguesa. Encontrei o seu blog por acaso (e já o adicionei aos meus favoritos), ao pesquisar sobre as maneiras de secar as mãos. Esta é a minha medida de hoje.
    Eu explico melhor: desde o início de novembro de 2009 que, todos os dias, eu tomo uma nova resolução mais amiga do ambiente. É o desafio a que me propus(depois de ler o livro "dormir nu é ecológico") durante um ano.
    Pode visitar o meu blog:

    http://365coisasquepossofazer.blogspot.com

    Obrigado por partilhar tanta informação!
    Bom Ano!
    Ema

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